Dezembro é uma mulher que coloca o braço
no braço do seu homem adormecido.
Adormecida, chega-se mais ao seu corpo.
Ele gosta do seu frio.
Março tem imagens, reflectidas no espelho,
que passam rapidamente,
deixando forte impressão no peito.
Junho é escritor sem ideias.
Só sensações.
Sente-se esquecer, aquecendo-se.
Julho é mulher florescendo,
abrindo os braços para a luz,
com Agostos de amor.
Em Setembro,
uma beleza tão doce como dorida.
O tempo passa.
Todo esse tempo que passa —
até mesmo sem querer —
és tu.
Os restantes meses
são borrões de cor amalgamados,
como a memória que uso de ti.