Apanhei o táxi por necessidade. Estava atrasado.
Depois de comprar o jornal, enfiei-me logo no primeiro da fila. O carro cheirava intensamente a suor. Disse: "Era para a Rua do Cruzeiro!". Respondeu o taxista: "Era, já não é?". Típico. Bem-disposto, lá foi alegrando a matinal travessia com a sua sabedoria. Eu, sabendo que a viagem nem era assim tão longa - sentindo uma boa-disposição ausente há dois dias -, alinhei. Fomos na palheta.
De repente, a pergunta: "Sabe quantas verdades há no mundo?". Não fazia ideia. "4!", informou-me. "A sua, a minha e a do outro." Fez uma pausa, esperando que perguntasse pela quarta verdade. Deixei-me estar, saboreando a sua ansiedade crescente de conclusão do brilhantismo. Como nenhuma das partes cedia, perguntei finalmente: "então e a quarta verdade?". "Calma", respondeu. "A quarta é a Verdade".
Fiquei calado a pensar que até poderiam ser duas verdades e meia, se cada opinião valesse apenas metade, três e dois quartos ou até mesmo apenas uma. "Eu tenho a minha opinião, você tem a sua, o outro tem a dele. Depois existe a Verdade".
Simpática maneira de começar o dia, não é?
"É bem verdade", respondi, enquanto fechava sonoramente a porta do carro.
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