As noites têm as suas fotos,
dados que nos ficam na memória ram ou rum,
algures entre o coração, a cabeça e a alma —
um triângulo das Bermudas de calças,
com pernas, carne e sangue bombeado
por emoções reais
e paranormalidades bocejantes
de seres ausentes das exigências do nada.
E olhos.
Para te ver melhor.
A noite deixa-nos sons sem imagens,
arrepiantes ou ternos,
devastadores ou excitantes.
A noite vale mais do que amar mil imagens.
Quem disser o contrário é parvo.
Ou elevado ao quadrado de parvo.
Há noites de magia,
em que a lua cheia teima em entrar-nos pelos sentidos
sem permissão ou garantias.
Noites em que o destino resolve colocar pessoas
que nos fazem falta no caminho —
um jogo de xadrez de acasos.
Há noites de terror,
de violência bárbara em que os homens não são homens:
apenas emoções desregradas,
raivas ecoantes,
perdidas nos labirintos da solidão.
Há noites estranhas,
noites calmas, frias ou quentes,
noites longas, curtas,
noites que parecem não terminar mais.
Até ser dia,
baila-nos a ideia de que as noites são humanas.
Há noites malucas,
teatrais até mais não.
Noites banais,
noites demais,
noites inesquecíveis —
até não nos lembrarmos mais.
Noites em que a escuridão se torna um manto acolhedor,
noites putas em que somos levados, abalroados,
sulcados pelo imprevisto.
Há noites de outra escuridão.
Há noites de água e pão.
Há noites de sono simples e bom —
porque amanhã trabalha-se cedo,
porque sim ou porque não.
Há noites estranhas que sentimos nas entranhas,
noites calmas misturadas com noites de querer(-te),
outras em que não.
Pelo menos até ser dia.
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