Sem sombras nem dúvidas. Como tantas outras antes de ti, quiseste abrir o meu coração com palavras tantas e meigas, tontas de desvairados juízos. Como tantas outras pessoas antes de ti, saudei com um cumprimento neutro. Respondeste com a voz embargada das memórias com que vives e que queres que aceite, pacificamente à força, sem me ser dado o privilégio de ver. Sem sombras nem dúvidas. Como um humor que se parte e se reparte, mas que se esquece da melhor parte: o rir. És assim como tantas outras antes de ti. Pessoas. Com histerias.
Esquina Maravilha
Histórias fluídas e voláteis a partir de um ponto inamovível (ou algo assim)!
terça-feira, 26 de julho de 2022
quinta-feira, 24 de março de 2022
Ouver
Poeta pintor impressionista e musical, vê bem, sem saber relacionar convenções com conversas - o teu fluir existencial é vida em tantos. Relaciona poemas com a riqueza intertextual da nossa hiperatividade, com a efemeridade momentânea de um significativo sorriso - é nisso que se resume a vida. O conhecimento obsidiante do texto literário pode ser a porta para combater a iletracia estética que domina a nossa realidade amorosa e cultural, o vácuo que retorna ciclicamente aos nossos sonhos. Regressarás mais tarde a tudo - vê isso, Bárbara, que és metáfora de rio - às insolações esquemáticas de um texto caminhado, sofrido, sacado a golpes de riso das agruras da preguiça. Tropeça bem nas felicidades armadilhadas que resistem nas frustrações de não bocejares frequentemente. Vê isso, Bárbara, que és traçada por hibridismos cruzados por mutismos envergonhados e por cumprir. Quebrando as burocracias da vida, seguindo em harmonia filarmónica.
Entrelaçadamente
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Sonhos reais
Parti da terra, nível 0, um cinzento povoado de outros tons mais claros ou mais carregados, óleo no chão e caixa de esmolas na mão, sempre pedinte de algo na vida. Nunca tive nada e sempre me tiraram tudo. Ao subir cruzo-me com caras. Cinzentas, também elas, mais claras ou mais escuras, que ignoram o código simples de responder ao meu sorriso.
Sempre que posso, entre inspirações profundas, olho pelas janelas de transição. Os edifícios, sempre mais altos e mais iguais, escondem as caras cinzentas, umas mais claras, outras mais escuras, que treinam sorrisos ao espelho.