A vida goza, é gozada
e manda-nos ir para outro lado
apenas para voltarmos a ela.
Existir é — como já disse —
um cálculo renal do tédio.
Uma vida sem sonhos
é a composição dessa tortura.
Procuro-te, vida,
em engarrafamentos quentes
e cafés frios,
em camas que ardem de abraços,
no tremer de lábios ou de mãos.
Palavras-nevão.
Fantasmas em floco
que incorporam o punho do silêncio.
Erguido, estanque, no ar.
Silencioso e negro,
bato com ele no nada.
A intimidade raspada daqui
é um sorriso desbotado,
rabiscado na respiração do luar.
Em viagens curtas.
Com música.
E gritos.
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