terça-feira, 2 de setembro de 2025

Af(l)orístico

 A vida goza, é gozada

e manda-nos ir para outro lado
apenas para voltarmos a ela.

Existir é — como já disse —
um cálculo renal do tédio.

Uma vida sem sonhos
é a composição dessa tortura.

Procuro-te, vida,
em engarrafamentos quentes
e cafés frios,
em camas que ardem de abraços,
no tremer de lábios ou de mãos.

Palavras-nevão.

Fantasmas em floco
que incorporam o punho do silêncio.

Erguido, estanque, no ar.

Silencioso e negro,
bato com ele no nada.

A intimidade raspada daqui
é um sorriso desbotado,
rabiscado na respiração do luar.

Em viagens curtas.

Com música.

E gritos.

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