Existência é peso, absurdo, continuidade,
como a intimidade é cama, pele, segredos.
A cidade é comboio, táxi, suor, abandono.
O manifesto é um canto gritado
em rabiscos num muro.
“Não escrevo poesia, escrevo existência.
Não sei nada de contos ou de intimidades.
Desconheço crónicas enquanto escrevo cidade.
Sobra-me, manifesto:
existência, intimidade, cidade, protesto.
Sei do existir do corpo, da perda,
dos terramotos matutinos.
Saboreio o café íntimo,
os dedos na chávena,
os pés frios na cama.
Sei que a cidade é o louco no comboio,
o taxista das verdades,
o bêbedo aos ésses na rua.
Manifesto-me à esquina,
de escarro pronto,
ponta de cigarro sem riso
ou forma poética.
Tudo isto sou eu.
Tudo isto sou também eu.
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