quinta-feira, 25 de setembro de 2025

O legado louco da dissolução

 Houve sobreviventes. Há sempre sobreviventes para nos fazerem relembrar, isto se eles próprios não se tiverem esquecido. Arrancam-se pequeníssimas esperanças do meio da terra fértil feita lama lava morta. Há que recomeçar de novo, dizem. Re-começar. De novo. Há que encontrar um rumo novo, um novo rumo - o caminho apresenta-se visível quando menos se espera. Dizem. Há que sobreviver, então, continuar a frente num rumo novo, um novo novo - reprodução, continuação, nunca desistir, dizem, dando uma mão e uma esmola. O nosso sacrifício servirá sempre para alguma coisa. Dizem. E pensam que bom bom é não ter acontecido nada. O tempo para nos prepararmos começa quando já é tempo de preparar o caminho - que surge sempre quando menos se espera - para os outros. Mas que sabemos nós? Vivemos e aprendemos, não foi o que disseram? Agora, afinal de contas e no seu final, que sempre nos deram a mão, temos de a abrir para outros que não sabem, que não querem saber, que não sabem que o envelhecimento é fatal. Não seremos para sempre aquilo que sentimos ser. Constroem-se canteiros. Primeiro colocam-se os esqueletos cimentários. Entre os seus ossos, encontra-se o local onde deves brincar e divertir e esquecer o mais que conseguires. Como dizia a música, 'cabrões de vindouros.

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