Este sou eu refletido numa montra suja.
Sou eu de lado,
sombra sem dono,
passo dado sem ecoar.
Mínimo.
A parede fria está quente
com rabiscos ébrios.
A realidade drogada
numa cadeira vazia
que há muito se ajeitou
a um corpo ausente.
Assento-lhe o silêncio
entrecortado com a tosse metálica
de um qualquer vizinho,
mergulhado numa qualquer televisão
ou em promessas de outras vidas.
Coloco ao peito
os fragmentos alheios que brilham ao alto,
de uma arrogância jovem e sem par.
Sigo insulto abençoado
pelos semáforos da vida.
Os olhos que piscam não são meus.
A autorização de passagem
é-me interdita.
Mais vale a pena
ficar sem fazer nada.
Mais vale a pena
nadar em cimitarra.
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