terça-feira, 2 de setembro de 2025

Cromática

 A articulação total dos passos perdidos

torna-se numa orquestra gerida por ancas difusas.

Nessa globalização de emoções
existe um movimento que procura fixar-se,
irredutível, num coração mais sensível.

Até lá, em mais do que um sentido,
há extravasamentos autónomos
de liberdade cromática e olfativa.

Até lá, constate-se,
a lua encheu duas vezes,
marejando-nos os olhos
com a sua ilicitude romântica.

Recordam-se noites assim,
dias passados.

A articulação brutal de memórias.
Em franco movimento de expansão.

Uma língua rebatida
pela falta de vigor no seu exercício.

Uma sensação térrea
de não se pertencer a nada.

A contabilidade absurda de um suave ruído,
um roçagar de dedos
por obras de arte em prosa.

Expansão.
E Dalila.

Ao longe,
a luz da lua segue-nos para todo o lado.

O mundo está tranquilo
e, ainda assim, figura num estilo caótico
que teima em humanizar pretensões antigas
de quem não tem direito à temporalidade,
apenas à permanência de uma certeza sincera.

Nem sempre se pode contar
com o amanhã dos sonhos
e das esperanças prematuras.

É um contrassenso
solidificar passados compostos
em grãos mínimos de contrapartidas servis.

Com vigor conecta-se o presente
que — como a luz da lua —
nos segue para todo o lado.

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