quinta-feira, 25 de setembro de 2025

No longo prazo

Há toda uma dialética de poderes entre nós. Combatemos deleitadamente a inércia de hábitos e rotinas, hábitos e rotinas, hábitos. Na retina da memória ficarão, para sempre, risos e mais risos e aventuras que tivemos, outras que imaginámos, outras que nunca o foram mas que souberam a tal. 

Há toda uma dialética entre nós. A dos poderes é só uma delas. Há, mas não há. Já não estás aqui. O combate é meu. Só meu. As mensagens que diariamente observo são mesmo isso: absorvidelas próprias de quem não tem com quem partilhar. As rotinas são minhas e sou apenas um guerreiro, um atirador furtivo na construção de hábitos que já não são teus. 

Sorri, porém. Não te acuso nem me acuso. Escuso-me a amaldiçoar-me ou a martirizar-me: foram poucos os pecados e a auréola dos bons momentos sempre brilhou em nós. Brilha agora em ti e, de certo modo, numa concha especial que as minhas mãos formam na retina das recordações fantasma. Um cristal difuso de dor que não se pode tocar ou ver. Quis dizer alma. Mas essa entretém-se agora simplesmente a destruir aquilo que me poderia fazer cair na consumação de uma qualquer decadência vadia.

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